A necessidade de se produzir alimentos, fibras, combustíveis e matérias-primas em larga escala de forma sustentável para atender à crescente demanda populacional, tem no plantio direto um grande aliado. Isso porque essa prática agrícola traz uma série de benefícios tanto para o solo quanto para o meio ambiente.
O plantio direto que, em 2022, completou 50 anos de implantação no Brasil, é aplicado em mais de 36 milhões de hectares de área de cultivo agrícola brasileiro, segundo o último levantamento da Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto.
O pioneiro no País foi o agricultor Herbert Bartz, do Paraná, que, em 1972, após conhecer uma técnica batizada como no still, já praticada nos Estados Unidos, apostou em cultivar 200 hectares de soja sem revolver e gradear a terra, mantendo uma cobertura morta.
De lá para cá, a combinação entre os avanços da pesquisa agrícola, o desenvolvimento de tecnologias com a experiência e conhecimento dos agricultores, contribuiu para que o Brasil se tornasse referência no plantio direto, sendo reconhecido internacionalmente por sua capacidade de aliar produtividade agrícola e sustentabilidade ambiental.
Na Scheffer, reconhecemos que um solo saudável é a base para uma agricultura sustentável e mais resiliente. Com este olhar, adotamos, o plantio direto, e, a partir de 2015, o integramos às nossas práticas e ações de Agricultura Regenerativa, que têm como foco a manutenção da saúde do solo e sua biodiversidade.
O que é plantio direto?
O plantio direto, também conhecido como semeadura direta, visa otimizar a produção agrícola, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e econômica, a conservação dos recursos naturais e a produtividade a longo prazo.
Nesse sistema, a semeadura é realizada diretamente sobre os restos da cultura anterior ou sobre a palhada que permanece na superfície, sem a necessidade de arar, gradear ou revolver o solo antes do plantio.
A adoção dessa prática, requer também a técnica de rotação de culturas, alternância planejada de espécies em uma mesma área de cultivo, o que garante a presença da palhada para proteção do solo.
Benefícios do plantio direto
No aspecto ambiental, o plantio direto pode ser considerado uma das mais importantes tecnologias agropecuárias já desenvolvidas, principalmente por seus efeitos na conservação do solo e seus reflexos no ecossistema em geral, além de estar entre as práticas que promovem a redução de emissão de CO2 e de outros Gases de Efeito Estufa.
Um dos principais benefícios do plantio direto é a preservação da estrutura do solo.
Ao evitar a aração, as camadas superiores do solo permanecem intactas, sem compactação e perda de matéria orgânica. Isso contribui para a manutenção da biodiversidade do solo, preservando os microrganismos benéficos e a vida biológica que desempenham um papel fundamental na fertilidade do solo.
Além disso, ao preservar a biodiversidade do solo, o plantio direto contribui para a manutenção dos ecossistemas e a conservação da vida silvestre.
A presença da palhada na superfície do solo promove maior infiltração da água das chuvas, protegendo-o contra a erosão, uma vez que evita o carregamento das partículas de solo. Ao propiciar maior infiltração da chuva no solo, a prática também promove maior recarregamento dos lençóis freáticos.
Outro benefício do plantio direto é a conservação da umidade do solo. A camada de palhada atua como uma barreira física, reduzindo a evaporação da água e mantendo uma maior quantidade de umidade disponível para as plantas, especialmente durante períodos de seca.
Por fim, essa prática agrícola contribui para a redução do uso de químicos, uma vez que a presença da cobertura vegetal no solo ajuda a controlar o crescimento de plantas invasoras. Somado a isso, a manutenção da matéria orgânica no solo resulta em uma melhor disponibilidade de nutrientes para as plantas, diminuindo a necessidade de fertilizantes químicos.
Plantio direto e sustentabilidade
Todos esses benefícios ambientais fizeram com que o Sistema de Plantio Direto (SPD), que envolve o plantio direto, cultura de coberturas e rotação de culturas, fosse incluído no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).
Complementarmente, estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelam que o plantio direto pode proporcionar benefícios econômicos e sociais, como o aumento da produtividade por hectare, redução de custos de produção, economia de combustíveis, além de oferecer oportunidade para que as propriedades rurais aumentem a diversificação de cultura, garantindo emprego e renda durante o ano todo.
Essa convergência atende às demandas do mercado global e faz do plantio direto uma ferramenta essencial para gerar renda com segurança, estabilidade e competitividade. Além disso, representa um caminho viável e eficaz para promover uma agricultura cada vez mais sustentável.